quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Capítulo 7: Bon Appetit?

Almoço: A primeira das refeições substanciais do dia, entre o desjejum e o jantar.

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Cara, eu já falei que as pessoas aqui em Dublin não almoçam? Cara, as pessoas aqui não almoçam!

Meu amigo Gabriel no Brasil já havia me alertado quanto a isso, mas eu assumo que não levei muito a sério, e pensei: "pode ser que a minha experiência seja diferente". Não, não é.

Assim que cheguei na Host Family, a mãe da família me mostrou a casa, me orientou quanto as regras desta e me deixou à vontade para desfazer minha mala. Como estava mais de 24 horas nesta brincadeira de aeroporto, e fuso-horário, estava com muita fome. Até que ela falou:

- Thiago (ou quase isso), preparei um almoço para você.

Nessa! Eu desci as escadas da casa, sentindo o cheiro daquele frango, aquela batata-assando, um peixe-frito, uma salada de entrada (essa parte é mentira), e uma fatia de bolo de sobremesa. Quando cheguei, o que encontrei foi exatamente isso:

Pão seco, chocolate digestivo e água.

Sim, esse foi meu ALMOÇO por um mês. É engraçado, mas como disse meu irmão: "Nos países que conheci na Europa o povo faz uma escassez de comida inexplicável, eles comem muito pouco". E, do pouco que vivi até agora, concordo totalmente. 

O almoço sempre foi a refeição mais importante do dia para mim, apesar de já ter ouvido que a refeição que deveria ser mais importante seria o café-da-manhã. Entretanto a preguiça de preparar algo cedo, ainda com forte desejo de retornar e abraçar novamente a minha cama, é mais forte do que eu.

Engraçado como vivenciar uma nova fase nos faz perceber e dar-nos por sentir falta de pequenas coisas que tínhamos no dia a dia. Seja um prato de comida, seja um lanche na parte da tarde, um chocolate aqui, um biscoito depois, ou até mesmo uma sopa antes da janta em dias frios. Quando passamos a nos virar sozinhos, e a controlar o dinheiro que temos, valorizamos e muito tudo isso, além de percebermos o quão trabalhoso é se dar ao trabalho de fazer mercado, pensarmos no que vamos comer (todo santo dia) e prepararmos as nossas refeições, com o dia cheio de outros afazeres. 

E, o mais interessante era que, apesar de parecer "pouco" este meu almoço, eu era o único da casa que comia nesta hora. Eles simplesmente, não comem, ou se comem, é apenas um sanduíche. Talvez por isso explique a janta deles às 17h45. Certo? 

Aí você me pergunta: 

- Mas Thiago, me fala uma coisa, é verdade que eles comem muita batata por aí?

E eu respondo:

- Mais de 25% do meu corpo atualmente é batata. Tudo bem que eu gosto, mas não precisa partir para ignorância.

E quer saber o pior disso tudo? Sou eu na cozinha agora. Sim, agora que me mudei e a mágica da comida pronta na panela acabou, estou virando profissional na arte da culinária. Ovo frito, omelete, ovo mexido, miojo e sopa, são minhas especialidades! 

Para um bom entendedor, após este post, se eu lhe convidar para uma refeição aqui em casa, pode trazer o panfleto da pizzaria que você mais gosta. Combinado?


Bon Appetit


Thiago "Tôca" Santos

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Capítulo 6: Dun Laoghaire

Dun Laoghaire é um condado da República da Irlanda, na província de Leinster, no leste do país. Resultou da subdivisão do condado de Dublin, para fins administrativos em 1994.
Seus limites são a cidade de Dublin ao norte, Mar da Irlanda a leste, o condado de Wicklow ao sul, e o condado de South Dublin a oeste.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Capítulo 5: Happy Birthday

"Graças pelo azul celeste, e por nuvens que há também,
Pelas rosas no caminho, e os espinhos que elas tem.
Pela escuridão da noite, pela estrela que brilhou.
Pela prece respondida, e a esperança que falhou..."

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E pela primeira vez em minha vida comemorei o meu aniversário longe da família e dos (velhos) amigos. No velho mundo, ficando um pouco mais velho também, ou como diz Mario Sergio Cortella, minha mais nova versão modelo 2012. 

Nestas datas geralmente pensamos mais sobre nossa existência, sobre nosso estar no mundo, nossos sonhos, planos, objetivos, conquistas, enfim...

Com certeza estes 27 anos ficarão marcados em minha memória, por esta nova fase que estou vivendo, e principalmente, aprendendo mais com a vida. 

Em minhas orações diárias (deixe-me expressar um pouco de minha fé aqui), eu agradeço sempre à Deus pela FAMÍLIA que Ele me proporcionou e pelos AMIGOS que eu tenho o privilégio de ter ao meu lado. 

E, sou grato também aos novos amigos que estou tendo a oportunidade de fazer aqui, em Dublin. Fiquei extremamente feliz com uma lembrança que eles me deram de presente, um cartão de aniversário com palavras de amizade e felicitações. Uma pequena lembrança, mas muito grande e significativa para mim.  



Que venha um novo ano, cheio de novidades, desafios, dores, desilusões, histórias, risadas, choros, e tudo mais o que compõem esta nossa vida. Humanos, demasiadamente humanos!


Thiago "Tôca" Santos

domingo, 11 de novembro de 2012

Capítulo 4: Pablo Neruda

Morre lentamente quem não viaja, 
quem não lê, 

quem não ouve música, 
quem destrói o seu amor-próprio, 
quem não se deixa ajudar. 

Morre lentamente quem se transforma escravo do hábito, 
repetindo todos os dias o mesmo trajeto, 
quem não muda as marcas no supermercado, 
não arrisca vestir uma cor nova, 
não conversa com quem não conhece. 

Morre lentamente quem evita uma paixão, 
quem prefere o "preto no branco" 
e os "pontos nos is" a um turbilhão de emoções indomáveis, 
justamente as que resgatam brilho nos olhos, 
sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos. 

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, 
quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, 
quem não se permite, 
uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos. 

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da 
chuva incessante, 
desistindo de um projeto antes de iniciá-lo, 
não perguntando sobre um assunto que desconhece 
e não respondendo quando lhe indagam o que sabe. 

Evitemos a morte em doses suaves, 
recordando sempre que estar vivo exige um esforço muito maior do que o simples ato de respirar. 
Estejamos vivos, então! 



Pablo Neruda

sábado, 3 de novembro de 2012

Capítulo 3: Tradição, Guinness.

Tradição: Transmissão de doutrinas, lendas, costumes, etc., durante longo espaço de tempo, especialmente pela palavra. É o laço do passado com o presente, de geração a geração.

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Primeiro dia de aula aqui no Atlas Language School foi melhor do que o esperado. Acho que, apesar dos anos passarem, sempre que tenho um primeiro dia de aula me recordo de minha infância, e de quando meu pai me levou para uma escola mais longe de casa, ficou comigo para descobrir qual turma eu estava e depois foi embora. 

A ansiedade, o medo, a vergonha, o novo, tudo isso fazia parte do primeiro dia de aula, a cada novo ano que se passava. Hoje em dia, após crescermos, talvez essas sensações já não se fazem mais presentes, apenas no pensamento e na lembrança. 

Mas, voltando ao primeiro dia de aula aqui, após um teste para definir a minha classe, e uma aula bem dinâmica e divertida, a escola ficou responsável em passar as orientações iniciais, e dar as boas-vindas aos novos alunos.

Uma das professoras nos acompanhou em uma caminhada no Centro de Dublin, para nos apresentar alguns lugares, dar dicas de outros, e localizar-nos um pouco mais na cidade. E, após este passeio, ela nos levou a um PUB.


É tradição aqui, pelo menos desta escola de levar os novos alunos a um passeio e logo após, a um PUB, para ganharmos o nosso primeiro PINT de Guinness. (PINT equivale a uma caneca, ou 500ml). 

Depois de uma caneca dessas, eu estava falando inglês fluentemente, ou quase isso.

Bela tradição, eu aprovei, bem como a Guinness também. 

Cheers