sexta-feira, 19 de julho de 2013

Capítulo 36: Liberdade x Responsabilidade

"Um grande poder traz uma grande responsabilidade"

Uncle Ben

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Uma das coisas que o intercâmbio vem me proporcionando é a possibilidade de conhecer diferentes pessoas, diferentes culturas e diferentes maneiras de ver o mundo. E ainda tenho isso de maneira mais específica com minha namorada, francesa. 

Nunca fui um cara desesperado por sair de casa, não aguentar os pais, irmãos, ou outras coisas as quais são frequentemente presentes em conversas com amigos. Sempre fui muito unido a minha família, e sempre reparei que cada um tem o seu canto e a sua maneira de agir durante a rotina diária. Não ausentes de problemas, mas estes nunca grandes o suficiente a ponto de me questionar e querer morar sozinho. Óbvio que desejamos isso algumas vezes, principalmente quando envelhecemos, mas a nossa cultura é diferente, e morar mais tempo com os pais tem se tornado comum - além do alto preço do mercado imobiliário.


Quando divido e converso isso com a Fanny, ela acha muito estranho, ao passo que de onde ela vem, aos 18 anos as pessoas saem de casa, na maioria das vezes financiada pelos pais, até arrumarem um emprego e colocarem como meta dos salários iniciais comprar a própria residência, assim como vários amigos delas o estão fazendo agora, e o qual ela comenta desejar fazer também. 

Vir estudar o inglês é uma ótima desculpa para fazer um intercâmbio. É lógico que eu procurei levar a sério, e continuo levando. Mas o intercâmbio é muito mais do que isso. E ele tem uma liberdade dentro dele indescritível. Apesar de saber que quando voltar ao Brasil vou voltar para a casa dos meus pais, eu posso dizer que sai de casa, e aprendi na marra as responsabilidades que estão intrínsecas em tal liberdade.

Não presto conta para ninguém sobre o que vou fazer no dia, a que horas vou chegar, se quero sair as três da manhã para dar uma volta na rua, se vou almoçar as quatro horas da tarde, ou se minha janta será miojo por três dias seguidos. A única pessoa que terá de ter responsabilidade sobre tudo isso sou eu mesmo. E a gente mesmo percebe que a liberdade é muito boa, mas depois de um tempo você se percebe se preocupando com o quarto desarrumado, com a roupa para lavar, com a comida com pouca proteína ou mesmo com as atividades físicas ausentes há tanto tempo. 

Dizem que você sair de casa e voltar a morar com os pais é algo difícil, pois você cria uma rotina e uma vida nova, a qual será limitada novamente. Não tenho ideia de como será, e não me preocupo com isso. Depois de morar fora experimentei algo totalmente novo para mim, algo o qual meus pais tiveram no passado, meus irmãos, meus amigos, você que está lendo, e assim por diante. Apesar de ter todos estes deveres que citei acima, os faço com o maior prazer e ser "dono de casa" é uma delícia. Principalmente quando recebo visitas. 

Sempre quis vivenciar um pouco o mundo sem me apoiar em alguém, e utilizei um modo um pouco radical de fazer isso, sozinho em um país diferente. Mas ao mesmo tempo, o aprendizado vem mais rápido, e os medos, receios e inseguranças que enfrento diariamente, são obstáculos muito prazerosos quando superados.


"Quando somos crianças, somos um pouco de cada coisa. Artista, cientista, atleta, erudito. Às vezes parece que crescer é como desistir destas coisas, uma a uma. Todos nos arrependemos por coisas das quais desistimos. Algo de que sentimos falta. De que desistimos por sermos muito preguiçosos ou por não conseguirmos nos sobressair. Ou por termos medo" - Trecho da série The Wonder Years (Anos Incríveis), Episódio 13, Coda. 


Antes de voltar a fazer o que estava fazendo, dá um clique no vídeo abaixo. Gravei na praia estes dias, novamente sem edição nem nada, apenas em um momento nostálgico. 


10 comentários:

  1. Estou passando pela fase de voltar a ter limitações depois de um ano vivendo às minhas regras. Difícil.

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    1. Justamente por isso que queria conversar com você, Bia! Tenho muita curiosidade nesta volta. Dizem que temos que nos preparar mais para voltar do que para vir...

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  2. Morrendo de medo desse dia chegar.

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    1. Pois é, a contagem agora começou a ficar regressiva novamente...

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  3. Muito boa a sua reflexão e o seu texto, Thiago.

    Morar sozinho, longe da família, é uma grande responsabilidade. Algumas pessoas levam isso de maneira positiva e aprendem a cuidar de si próprias, a tentar cuidar da sua alimentação, sua roupa, enfim, as coisas do dia-a-dia. Outras pessoas aproveitam pra encher a cara todo dia e fumar maconha sem se preocupar com os pais "enchendo o saco". Enfim, cada um aproveita como quer e como pode, né?

    Eu, assim como você, vejo como positivo o fato de cuidar de mim mesma. Sei que quando voltar pra São Paulo, volto a morar com minha mãe e irmão pois não tenho condições de me bancar sozinha, ainda mais numa cidade cara como SP! De qualquer forma, a sementinha já foi plantada...

    Vamos tomar um café, vamos tomar um café!

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    1. Sem dúvida, a semente plantada está! E sim, vamos tomar um café! :)

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  4. Acho que a fase de maior amadurecimento pessoal ocorrerá quando da sua volta, pois não será fácil... Bjs

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    1. Será o final de um ciclo, e começo de outro. Vamos ver... Bjs, Xuxu ;)

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  5. Teus textos como sempre muito bons.
    O que tu faz além de sucesso, brother?
    Abração!

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    1. Cara, eu sigo um lema: Ousadia e Alegria! Hahahah! Abração, Man!

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