quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Capítulo 9: Turista ou Residente?

"E sei como é importante na vida, não necessariamente ser forte, mas sentir-se forte"

Into the Wild

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Às vezes, olhando para trás, realizo que minha viagem de intercâmbio não começou no momento em que coloquei os pés em Dublin, mas sim no dia 23 de maio de 2012, no momento em que fechei o pacote na agência e cheguei em casa com as passagens em mãos.

Este tempo no Brasil, de espera, de fantasia, de curiosidade, de pesquisas, de esforço e muita dedicação para tornar o sonho realidade, começou a escrever os primeiros capítulos do que seria a experiência mais louca da minha vida até o momento.

Sempre sonhei com isso no passado, e desde o final do meu Ensino Médio mantinha isto em mim. E quando, pensei que as chamas se apagariam e seria apenas uma das coisas que no futuro me arrependeria de não ter feito, a vida me mostrou um novo caminho. E sim, no momento certo, pois tenho certeza que anos antes não teria a coragem de fazer tal ato como agora.

A semana que antecedeu minha vinda para cá foi bem tumultuada, com alguns fatos muito marcantes e perdas significativas na vida, o que ajudou a desestabilizar ainda mais o emocional.

As despedidas que recebi dos amigos e da família já davam a noção e faziam parte do começo da experiência e crescimento pessoal tão falados por quem já vivenciou esta situação. A viagem já tinha começado, e nem sempre nos damos conta disso.

Quando cheguei aqui, longe de minha zona de conforto, era um misto de excitação, medo, desafio, solidão e deslumbramento. "Estou no primeiro mundo. Sou um cidadão europeu! E agora?". 

É muito interessante esta dúvida que surge e este sentimento de ser turista e ao mesmo tempo residente. Percebi isso na primeira semana, em que estava tirando foto de todos os lugares possíveis e imagináveis, e de repente me dei conta que não precisava ter pressa, pois não voltaria para casa tão cedo e este lugar era o meu novo "lar". 

Cabe aqui o meu agradecimento especial as pessoas e seus valiosos conselhos a minha pessoa quando eu me referia a esta viagem ainda em terras canarinhas:

- Dublin? Nossa! Lá é frio. Leve um casaco, hein?

- Ixi, mas só chove lá. Não esqueça o guarda-chuva.

Obrigado, pessoal. Sem vocês não saberia que a Irlanda é um país frio e que chove muito. Afinal, escolhi Dublin aleatoriamente na agência e não pesquisei sobre o local antes de vir para cá. Cheguei de bermuda e camiseta, acreditam? 

Sem contar que outro fato que me chamou a atenção em Dublin foi a exigência com os funcionários. Vocês acreditam que até motorista de ônibus tem inglês fluente e carteiro também? Incrível.

Estou há quase dois meses aqui, e basicamente o primeiro mês foi destinado a regularizar toda a papelada do visto, incluindo abrir conta em banco, tirar o PPS (que equivale ao nosso CPF), ir a Imigração, procurar uma casa (pois só fiquei um mês em casa de família), e experimentar diferentes tipos de cerveja. 

Graças a Deus tudo correu bem até o momento, e não tenho do que reclamar. Tenho certeza que já mudei minha visão sobre muitas coisas, aprendendo a valorizar outras e descartar o resto. 

Aqui vale a máxima: "Se você não fizer por você, ninguém o fará", e isto é muito real. Mas, com o tempo, as amizades começam a aparecer e o companheirismo também. Mais para frente farei um post sobre as diferentes pessoas, culturas, costumes e sobre a tão falada frase: "Fuja dos brasileiros!!".

Uma das coisas que mais me preocupa agora e a qual acredito ser o meu maior desafio, é o que se refere a conseguir um trabalho. A crise na Europa afetou demais a Irlanda, e ainda deixa as suas marcas. Trabalhos que antes eram feitos por estrangeiros (turistas), agora são feitos por eles mesmos, tendo em várias portas comerciais a placa: "Está loja é 100% Irlandesa", representando um grito de luta por um país que busca sua estabilidade econômica. 

O jeito é enviar CV's por sites, caminhar pela cidade entregando-os de porta em porta, e torcer pela indicação de alguém para facilitar este processo. 

Com a aproximação do Natal, tudo fica mais bonito, inclusive a cidade com as decorações relacionadas ao bom velhinho. É lógico que as saudades neste época apertam de maneira especial. Porém, nada do que eu já não sabia antes de vir para cá. 

Já escrevi demais, e cerca de 29% das pessoas já pararam de ler no meio do texto e outras 17% quando perceberam que estavam no site errado. 

Se tiverem sugestões, dúvidas ou apenas quiserem falar mal de mim, deixem o seu recado.

See you soon, Folks!

Thiago "Tôca" Santos

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Capítulo 8: Connemara, Galway and Cliffs.

Well, I took a stroll on the old long walk
Of a day I-ay-I-ay.
I met a little girl and we stopped to talk
Of a fine soft day I-ay-I-ay.
And I ask you, friend, what's fella to do
'Cause her hair was black and her eyes were blue'.

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